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“Clarice Lispector, uma flecha em direção ao futuro”, entrevista publicada na revista Alceu, destaca a atualidade da obra da autora



A contemporaneidade da obra de Clarice Lispector foi tema da última edição da revista Alceu, publicada no último dia 16. Em “Clarice Lispector, uma flecha em direção ao futuro”, Mauro Silveira, jornalista e professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, entrevista o organizador da obra “Quanto ao futuro, Clarice”, Júlio Diniz, Decano do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH) da PUC-Rio. Participam da entrevista os também autores da obra Silviano Santiago, ensaísta, crítico, e professor emérito da UFF e Florencia Garramuño, diretora do Departamento de Humanidades e do Doutorado em Literatura Latino-Americana e Crítica Cultural da Universidade de San Andrés. A revista Alceu trouxe um resumo do 20º episódio do podcast “Som das Ideias”, sobre o livro “Quanto ao futuro, Clarice” com depoimento dos três participantes. 

Júlio Diniz contou que foi inesquecível a sensação de ler Clarice pela primeira vez, aos 14 anos. Instigado pela vontade de convidar os futuros leitores a se interessarem pela obra da autora, surgiu a ideia de organizar um livro que enxerga os diferentes aspectos do trabalho e da vida da autora. A oportunidade ideal seria em 2020, durante o centenário de Clarice. Apesar do planejamento em relação ao livro e aos seminários em comemoração aos 100 anos, que ocorreriam na PUC-Rio, a pandemia dificultou a realização dos planos de Diniz.

— Obviamente fomos atingidos pela pandemia sanitária e por outra, de ordem econômica, política, ética e moral. O ano de 2020 custou a passar, e, quando chegou 2021, o projeto do livro continuou na minha cabeça. A duras penas, fomos entrando em contato com os autores, convidamos pessoas, e várias delas aceitaram o convite.

Florencia Garramuño e Silviano Santiago destacaram o caráter inaugural da literatura de Clarice Lispector. Garramuño explica que a autora se diferencia dos demais autores da época, pois seus textos são curtos e fazem parte de uma literatura menos preocupada com gêneros muito estabelecidos, com a diferenciação entre ficção e realidade e com uma voz autoral.

— É uma literatura que inaugurou a literatura mais solta, que é a nossa literatura contemporânea — acrescenta a diretora de Literatura Latino-Americana e Crítica Cultural da Universidade de San Andrés.

Silviano Santiago compara “Perto do coração selvagem”, de Clarice, com e “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Para ele, o leitor brasileiro de ambas as obras não existia, pois esses dois livros foram escritos com tal imaginação, em tal delírio e em tal devaneio de grandeza, que não havia referências quanto ao estilo escrito.

— De repente você está diante de um objeto que escapa completamente ao quadro de referências pré-estabelecido — comenta.

Para Santiago, o desejo de Clarice em inventar o mundo a partir de suas emoções e sensações é o que as novas gerações querem atualmente. Por isso, apesar do centenário da autora, a literatura continua viva e atual para os jovens, que almejam a construção de um mundo a partir de sensações que desconhecemos, mas fantasiamos, que nós criamos até em literatura, mas onde nunca tivemos o lugar de fala.

Olhar para o passado com o sentimento de melancolia não é o objetivo de “Quanto ao futuro, Clarice”. Pelo contrário. Ao organizar a obra, a ideia de Júlio Diniz era jogar Clarice como flecha ao futuro.


Publicado em: 20/12/2021





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