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Entrevista com Isabel Rocha de Siqueira e Bruno Magalhães



O e-book Metodologia e relações internacionais: debates contemporâneos é o primeiro de uma série de publicações em metodologia para as ciências sociais e as humanidades. O livro foi escrito a partir da experiência dos cursos oferecidos pelo Laboratório de Metodologia do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio.
Nessa entrevista, os organizadores, Isabel Rocha de Siqueira e Bruno Magalhães, falam sobre a proposta da obra, previsões sobre o futuro da série, sua importância para outras áreas de estudo, Laboratório de Metodologia e projetos futuros.

» Qual é a proposta do livro?

Isabel: Relações Internacionais é uma área muito interdisciplinar, então a gente sempre pega elementos emprestados de várias metodologias e áreas das ciências sociais. No Instituto de Relações Internacionais, nós temos o Laboratório de Metodologia e, a cada semestre, organizamos entre dois ou três minicursos com professores convidados de outras áreas e de outras faculdades.
A partir de cada minicurso os professores contribuem com um capítulo e a nossa ideia foi a de colocar isso da forma mais democrática possível em circulação. Daí surgiu a ideia de fazer um livro digital, gratuito, com essas diferentes abordagens disponíveis em português, o que para a nossa área também não é tão comum.

Bruno: E, além disso, a função pedagógica. A gente sempre notou que tinha um espaço para um livro de referência sobre metodologia nas Relações Internacionais, e a ideia que a gente teve com esse livro foi oferecer, para a graduação e pós-graduação, um livro-texto referência ainda na vanguarda da discussão sobre método mas que também ajude alguém que está começando a se familiarizar com a discussão em metodologia e relações internacionais. Sendo assim, um primeiro ponto de contato, uma porta de entrada para essa discussão.

» O e-book “Metodologia e Relações internacionais – debates contemporâneos” é o primeiro volume do que irá ser uma série. Qual é a diferença de um volume para o outro? Qual o critério de edição?

Isabel: Na verdade ainda não sabemos porque os próximos volumes vão ser sempre baseados nos minicursos que a gente oferece. Esses minicursos tentam ficar sempre na vanguarda da discussão, então a gente vai mapeando um pouco das metodologias e discussões que vão surgindo na nossa área, e fora também, além das necessidades dos alunos e professores. Organizamos os minicursos com essa base e a partir daí saem os capítulos. Então, o que a gente prevê é que seja um livro por ano com pelo menos quatro capítulos com quatro metodologias e autores diferentes.

Bruno: A escolha dos temas sente muito o nosso acompanhamento de como os projetos dos alunos que a gente vem tendo contato têm apresentado essa demanda por metodologias específicas. Tentamos organizar o livro de forma mais direcionada a essas demandas pontuais dos alunos, para que eles sempre encontrem respostas para as inquietações que a gente tem percebido naquele ano, além de sobre como fazer pesquisa acerca de relações internacionais e outros temas das ciências sociais.
Por isso que a temática vai mudando, é de propósito a gente tentar ir sempre atualizando ela e as abordagens para refletir as demandas contemporâneas

Isabel: E é um número infinito de abordagens metodológicas, por isso que a gente pensou na série também. Porque, a cada ano, o que não falta são demandas para a gente fazer cursos diferentes e, por consequência, capítulos diferentes.

» Para pessoas de outra área, você poderia explicar a importância do estudo de metodologia nas Relações Internacionais?

Isabel: A gente tem uma grande dificuldade de auto definição na disciplina de Relações Internacionais porque ela, por excelência, pega emprestado de absolutamente todas as áreas. E por isso também, conforme se vai fazendo a pesquisa, iniciando a vida na carreira acadêmica, você tem muita dificuldade de decidir para qual lado você caminha, quais ferramentas, metodologias e métodos você vai aplicar.

Bruno: No título consta “Relações Internacionais” mas a gente pediu para as pessoas que contribuíram com capítulos e para quem organiza os cursos do Laboratório, que pensassem sempre as questões para pesquisas sobre a humanidade em geral. Então, as questões com que uma pessoa que faz pesquisa sobre um tópico das Relações Internacionais se confronta a gente sabe, por ter contato com colegas e alunos vindo de outras disciplinas, falam também para ansiedades e inquietações de quem está fazendo pesquisa em humanidades como um todo.
Nós não presumimos necessariamente essa distinção entre ciências humanas e as ciências chamadas de ciências duras, porque os fenômenos que confrontam a gente hoje não respeitam essa demarcação. Eu acho que a gente está caminhando para a reflexão sobre o método para a pesquisa. Então empurram a gente para pensar dentro de uma forma, eu não diria nem interdisciplinar porque “inter” presume que há disciplinas que se comunicam, mas para além do disciplinar, “transdisciplinar”, que não sejam presas à forma de pensar produção de conhecimento em termos de disciplina. E essa é a proposta que o Laboratório, o livro e projetos que a gente tem no forno para pensar pesquisa vão ajudar.

Isabel: E só para contextualizar, nas Relações Internacionais – ainda mais aqui no IRI que é um instituto muito crítico e aceita uma pluralidade imensa de temas, abordagens, teoria etc – a gente vai desde as políticas públicas locais – como por exemplo pensar sistema de saúde, populações marginalizadas, movimentos sociais e refugiados – até o macro, até comparar entre países e pensar no desenvolvimento da ONU como um todo.
Então, é comum que brote uma angústia na área de Relações Internacionais sobre como começar uma pesquisa e que seja um pouco maior a ponto de produzir essa série de livros. Mas isso, sem dúvida, são angústias que são comuns a várias áreas e acho que o livro ajudaria em várias outras disciplinas também.

» Poderia falar sobre o trabalho do Laboratório? Há quanto tempo ele existe? Quem trabalha nele? Há outras publicações desse grupo?

Isabel: O Laboratório de Metodologia do IRI foi criado em agosto de 2015 e temos três atividades principais. A gente está trabalhando constantemente em um mapeamento que é um pouco informal e formal, conversamos muito com as pessoas, mas também procuramos bibliografia sobre diferentes abordagens metodológicas que possam ser úteis. Com isso estamos construindo uma enorme base de dados. Organizamos uma série de eventos, não só os minicursos, mas clínicas e workshops também, que são abertos inclusive para pessoas não só de outros departamentos, mas de fora da PUC. Nós entendemos isso como uma democratização do espaço de discussão.
Agora estamos trabalhando também nas publicações. Esse foi o primeiro livro mas a gente tem um blog e colocamos sempre disponíveis, ainda nesse espírito de democratizar o material, os áudios dos minicursos e quaisquer publicações no meio tempo.

Bruno: Acho que um aspecto central da proposta para o Laboratório, pedagogicamente, é servir como um espaço de expressão do nosso corpo de alunos e professores. Do que eles sentem necessidade para fazer pesquisa, de ser um pouco como ponto focal para essas inquietações e também um para um contato com outros departamentos dentro da PUC, outras faculdades e especialistas de fora do Brasil. O Laboratório já serviu, de forma bem-sucedida, como ponte para o diálogo com pesquisadores das mais diferentes universidades de fora do Brasil. A gente já teve minicursos oferecidos por uma pesquisadora do King’s College de Londres, uma pesquisadora do Graduate Institute da Suíça, um de Nova York, enfim, temos bastante essa comunicação externa, seja para além do Brasil como para além de RI, seguindo o pensamento do sem fronteiras.

Isabel: A gente está também com um grupo de estudos, que foi iniciativa dos alunos e que agora de certa forma vai fazer parte do Laboratório, que é um grupo de estudos de práticas de conhecimento e eles vão publicar também no blog do Laboratório.


Publicado em: 25/04/2018





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