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Historicidade das favelas é abordada em evento de lançamento da obra “Pensando as favelas cariocas”



Favelas como “classes perigosas”, espaço urbano, práticas estatais e políticas públicas foram alguns dos assuntos destacados na última segunda-feira (13), durante o lançamento da obra Pensando as favelas cariocas: história e questões urbanas. O evento online, transmitido pelo Zoom, contou com debate entre os autores Romulo Costa Mattos (PUC-Rio) e Samuel Silva Rodrigues de Oliveira (CEFET-RJ) e condução de Rafael Soares Gonçalves (PUC-Rio), organizador do livro recém publicado pela Editora PUC-Rio em coedição com a Pallas. Neste primeiro volume, os autores aprofundaram a análise sobre o passado e a historiografia das favelas, enquanto o segundo número será centralizado na discussão de memória nos dias de hoje, conforme explicou Rafael Soares Gonçalves.

Romulo Mattos, autor do artigo “O Morro da Favela como o território das ‘classes perigosas’ na Primeira República”, expôs a relação entre imprensa e favela entre 1889 até 1930. Ele explicou que era comum encontrar matérias, desde o começo da formação das favelas, com a ideia de que todos os conflitos eram resolvidos por meio de tiros, o que retrataria uma violência normatizada. Esses desentendimentos seriam eventos políticos de um microgrupo social.  Para Mattos, a aderência ao estigma da violência ao Morro da Favela — conhecido como Morro da Providência, localizado no bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro — foi definitiva pra o processo de generalização e substantivação da favela, que acontece nos anos 1920.

—Esse processo de substantivação tem muito a ver com a aderência do estigma das classes perigosas ao Morro da Favela. A crônica policial acabou sendo o local por excelência da construção social das favelas na grande imprensa do período.

Na obra, Mattos demonstra que dois estigmas se impõem sobre o morro e seus moradores: o das “classes perigosas” urbanas e o dos sertanejos, também considerados perigosos.

No artigo “As retóricas da ‘Marginalidade social’: espaço urbano, práticas estatais e políticas nas favelas (1947-1961)”, Samuel Silva Rodrigues de Oliveira procura descrever como a contraposição entre “cidade” e “favela” foi construída, designando as favelas como um espaço heterotópico, ou seja, um lugar das ausências e da desordem em relação ao que seria a imaginação de um padrão de cidade e de urbanidade. No evento, Oliveira apontou os três argumentos que usou para construir o artigo. O primeiro é a presença da tentativa de apagamento e silenciamento dos moradores de favela no discurso heterotópico.

O segundo argumento baseia-se na expectativa da construção de um projeto urbano e industrial, com objetivo de acabar com a favela. Oliveira explica que os sensos realizados nas décadas de 1940 e 1950 racionalizaram uma política que encara a favela pela ótica da marginalidade. Assim, haveria uma perspectiva pedagógica civilizatória, na tentativa de mudar o morador.

A retórica das batalhas é o último argumento de Samuel Silva Rodrigues de Oliveira. Para ele, essa retórica trabalha com a ideia de que devem existir políticas públicas para eliminar as favelas do Rio de Janeiro, desde os anos 1940. Ao desejar o fim das favelas, haveria a criação de uma política de “subcidadania”, refletida na separação entre “trabalhador” e “inativo”, na classificação dos sensos dos anos de 1940 e 1950.

— Ao anunciar um fim, você cria uma política de subcidadania, porque você não reconhece o território, a sociabilidade e os atores como portadores de direitos da cidade. A lógica da subcidadania é uma espécie de triagem: quem tem direitos e quem não tem direitos. 

Pensando as favelas cariocas: história e questões urbanas apresenta um panorama inédito acerca da história das favelas. O objetivo é abordar de forma cronológica diferentes contextos históricos, indicando a densidade e a riqueza da reflexão atual sobre o tema.

Clique aqui e saiba mais sobre a obra!


Publicado em: 17/09/2021





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