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Confiar no escutador talvez seja um dos quesitos mais importantes no trabalho com a memória. Contar de si é abrir-se para o outro, um movimento que só fazemos quando nos sentimos protegidos e reconhecidos. Quando narrador e escutador são pessoas conhecidas, talvez essa proximidade possa ajudar no momento do encontro.
Atividade: Escuta de memórias de pessoas conhecidas
Objetivos: Propiciar que os escutadores exercitem a prática de escuta de memórias; fazer com que os participantes tenham um espaço para revisitar seu passado e narrar suas histórias de vida.
Material: Não há necessidade de material específico.
Desenvolvimento:
Você já se perguntou se é possível realizar um bate-papo de memória com mais de uma pessoa? Quais seriam as implicações que envolvem uma conversa com um grupo?
45 ...mas nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelos outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e com objetos que só nós vimos. É porque, em realidade, nunca estamos sós.
(Maurice Halbwachs)
As reflexões que foram desenvolvidas até aqui sobre modos de escuta de memória valem também para o trabalho realizado com mais de uma pessoa. O escutador deve avaliar quando?, onde?, com quem? e por quê? ele irá realizar um trabalho coletivo. Essa decisão vai depender do desejo e da disponibilidade das pessoas que serão ouvidas, do contexto de trabalho do escutador, das memórias que ele deseja escavar, do tipo de trabalho que ele pretende desenvolver. Assim, se optar pelo caminho de um trabalho coletivo, deve prestar atenção em alguns detalhes importantes.45
Numa escuta coletiva, nem todas as pessoas envolvidas precisam se conhecer profundamente ou serem íntimas entre si. Entretanto, é aconselhável que haja alguns pontos de afinidade entre os participantes, de modo que possam interagir e se (re)conhecer no momento da conversa.
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