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Apesar de conhecermos alguns fatos políticos da História do país, muitos detalhes ficaram escondidos nos bastidores. Dona Natalina traz um fato que não está registrado na História oficial, mas que sobrevive em sua memória porque fez parte de sua vida.
Cíntia (NIMESC): Queria ouvir uma história da senhora, de alguma coisa que tenha acontecido, que tenha acontecido na história da senhora e que a senhora tenha orgulho de contar. Que história seria essa?
Natalina: Olha... pode falar de algum político? Orgulho eu tenho, porque eu, nessa época, eu tava, eu tinha saído do supermercado, na Casa da Banha, que faliu, e eu saí. Então, eu estava - eu nunca tenho preconceito de trabalho -, eu tava fazendo faxinas pelas casas. Aonde eu fui parar na casa da Vânia... Aí, ela falou: “- Eu gostei muito da sua faxina. Eu vou te levar você em uma casa, posso?” Falei: “- Pode.”. Aí, me levou na casa da Neuzinha Brizola, a Neuzinha. Aí, dali da Neuzinha, ela falou: “- Eu gostei muito, vou mandar você lá para casa do meu pai...”. Aí, eles também falaram que gostaram do meu trabalho, disse que eu sabia falar, que eu sabia me expressar. Aí, me pediu se eu podia ficar recebendo as pessoas numa porta que tinha lá no elevador, que tinha lá, para receber as pessoas. Botar as pessoas para dentro. Aí, eu fiquei. Aí, eu me lembrei que aqui em cima não tinha nada, só tava falando no PMDB, não falava do PDT. Eu falei: “- Quer subir comigo...?”. Aí, eu chamei a Márcia... “- Você vai, Márcia? Você tem coragem de subir comigo no Cantagalo?”. “- Tenho.”. Aí, eu trouxe eles, ainda aqui. Eles olharam, olhou o CIEP, olhou o Brizolão, que tava uma construção inacabada. Eles falaram: “- Ali dá um bom colégio”. Fez o colégio. Era uma maravilha na época dele, aquele colégio ali. Eu trabalhei ali, trabalhei, fui merendeira e agora estou aposentada, mas eu me orgulho de tudo, por ter feito isso. Uma ótima coisa que eu achei, que foi uma coisa boa que eu fiz para o Cantagalo. Eu - muita gente diz que não -, mas eu achei uma coisa muito boa.
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